História do Jiu-Jitsu

Jiu-Jitsu: A Origem da arte suave

O Jiu-Jitsu, conhecido como a arte suave, nasceu a mais de 4.000 anos atrás na Índia.
Naquele tempo existia um povo nômade e franzino que frequentemente eram saqueados por outros povos e por serem hindus (religião que originou o budismo), a sua religiosidade não os permitiam o uso de armas. Com os frequentes saques começaram a estudar uma forma de defesa na qual foi baseada nos movimentos dos animais. Com o tempo esses nômades hinduistas desenvolveram uma forma de defesa tendo como principio a força de alavanca que permitia um individuo bem mais fraco vencer um mais forte e pesado.
Com a criação desse tipo de defesa permitiu que este povo nômade se firmassem em um determinado local, onde não passaram mais a serem incomodados por outros povos e sim admirados por eles.
Assim começou a trajetória dessa forma Defesa Pessoal que encantou todo o mundo e revolucionou as Artes Marciais.

Samurais: A arte de guerra

Com o sucesso desta forma de defesa e pelo crescimento do povo Budista, logo o Jiu-Jitsu cruzou Ásia onde chegou até o Japão.
Não demorou muito e logo essa Arte de Defesa Pessoal se tornou popular entre os samurais, exímios guerreiros que tinham como função defender seus senhores e se preciso com a própria vida.
No Japão foi popularizada e ganhou o nome de Jujutsu (Ju – suavidade/ Jutsu – arte) já que seu principio era o mínimo de força com máximo de eficiência. Com a popularização do “Jujutsu” entre os samurais logo se viu a formação de vários estilos, onde cada clã priorizou determinadas formas de luta na qual conseguiram ir além e aprimorando as técnicas tornou o Jiu-Jitsu uma verdadeira Arte de Guerra.

O Mestre Jigoro Kano

Com está popularização o Jiu-Jitsu logo se tornou a “Arte dos Grandalhões”. Com os mais fortes aprendendo a Arte eles acabaram conseguindo vencer os mais fracos que começaram a desanimar da Arte.
Com os “fortes e valentões”predominando no Jiu-Jitsu o principio de suavidade acabou sendo esquecido.Neste contexto a Arte acabou perdendo sua identidade, a suavidade, e um homem chamado Jigoro Kano resolveu tentar trazer de volta a identidade da Arte Suave.
Kano tentava dar maior expressão à lenda de origem de seu estilo Yoshin-Ryu, que se baseava no princípio de ceder para vencer, utilizando a não resistência para controlar, desequilibrar e vencer o adversário com o mínimo de força.
Naquela época, em um combate, o praticante tinha como único objetivo a vitória. No entender de Kano, isso era totalmente errado. Para ele uma atividade física deveria servir primeiramente para a educação global dos praticantes. Aos olhos dos cultores profissionais do Jiu-Jitsu tal concepção era absurda e para eles o verdadeiro espírito era o shin-ken-shobu (vencer ou morrer, lutaraté a morte).

Nasce o Judô

Jigoro Kano, com de suas ideias não aceita pelos cultores profissionais do Jiu-Jitsu e principalmente pelos praticantes de seu estilo, era desafiado e desacatado insistentemente pelos educadores da época. Mesmo assim Kano não mediu esforços para idealizar o novo Jiu-Jitsu, mais completo, eficaz, objetivo e racional no qual se denominou Judô(Ju – suavidade / dô – caminho).
Chamando o seu novo sistema de Judô, Kano pretendeu elevar o termo Jutsu (arte) para Dô (caminho) dando a entender que seu novo sistema não se tratava apenas de uma mudança de nome, mas que ele repousava sobre fundamentos filosóficos assim como o antigo Jiu-Jitsu.

A proibição do Jiu-Jitsu

Com a abertura dos portos Nipônicos ao ocidente foi decretado pelo imperador japonês Mutsu Hito crime de lesa-pátria ensinar o Jiu-Jitsu, com a tentativa de preservar a Arte como cultura exclusiva do povo japonês.
Assim o Jiu-Jitsu foi trancado e abriu a oportunidade para Jigoro Kano divulgar o seu estilo que era considerado uma outra Arte. Kano em acordo com o imperador passou a ensinar o Judô com uma grande reforma onde muitas técnicas, principalmente as de solo, foram proibidas. Isso fez com que as lutas de Judô desenvolvesse mais em pé buscando somente a queda.

Do Japão para o mundo

Mesmo com a proibição de ensinar o Jiu-Jitsu, muitos mestres migraram do Japão para outros continentes e passaram a viver do ensino da arte marcial e das lutas que realizavam. Porém o maior marco da Arte Suave veio dos grandes e ambiciosos objetivos de Jigoro Kano que era divulgar e popularizar o Judô pelo mundo.
Assim foi feito onde se destacou Tsunejiro Tomita, Soishiro Satake e Mitsuyo Maeda. Esses três receberam a missão do próprio Jigoro Kano de espalhar o Judô pelo mundo, que embora tenham fracassado no primeiro desafio nos Estados Unidos, obtiveram grande sucesso.
Todos estavam muito interessado sem aprender aquela arte que era muito confundida com o Jiu-Jitsu, fato que não era de se espantar já que tinham os mesmo fundamentos e técnicas. Porém o Jiu-Jitsu desenvolvido por Kano (Judô) era bem mais técnico, suave e eficaz. O grande interesse pela Arte foi principalmente pela curiosidade de como o Japão conseguirá derrotar a poderosa Rússia na guerra de 1904/1905. O trio do kodokan (escola de Jigoro Kano de Judô) encantou o mundo sendo desafiado e desafiando lutadores dos mais diversos estilos, fato que é ainda mais admirável hoje já que muitas técnicas da Arte Suave eram proibidas de serem realizadas e ensinadas.
  
Mitsuyo Maeda e o Brasil

Mitsuyo Maeda foi o que mais se destacou na historia tanto do Judô quanto do Jiu-Jitsu. Ele era o melhor lutador e das mais de 100 lutas realizadas perdeu somente 2, uma delas foi para o companheiro Soishiro Stake.
Maeda rodou todo mundo divulgando o Judô, com uma passagem muito marcante na Espanha onde recebeu o título de Conde Koma. Em sua jornada o lugar que mais gostou foi o Brasil.
Assim, Maeda ou Conde Koma, fixou-se em Belém do Pará. Lá ele se dedicou na emigração japonesa para o Brasil, fato que o fez ser reconhecido por diversas autoridades. Maeda foi o maior ícone da emigração japonesa no Brasil e sem ele não seria atingido o objetivo de povoar e cultivar as terras brasileiras, além de diminuir a grande população que se encontrava naquela época no pequeno Japão.
Com esse sucesso todo, membros da Kodokan (escola de Jigoro Kano de Judô) começaram a dizer que Maeda estava usando o Judô como autopromoção, argumento que resultou na expulsão de Maeda do Kodokan. Após o ocorrido, Conde Koma se dedicou apenas a emigração japonesa, deixando de lado a pratica da Arte Suave.

Conde Koma e a família Gracie

Em uma de suas apresentações no Teatro da Paz, em Belém, Maeda foi assistido por Carlos Gracie, menino de apenas 14 anos. Carlos estava ansioso em aprender a arte e com o bom relacionamento de Maeda e seu pai Gastão Gracie foi aceito como aluno.
Maeda ensinou a Carlos toda a Arte Suave e sua filosofia. Assim Maeda garantiu a continuação do antigo Jiu-Jitsu, o qual foi perdido uma vez e resgatado por seu mestre Jigoro Kano, e estava novamente sendo perdido pelos membros da Kodokan e pelos japoneses.

Carlos Gracie

Discípulo de Conde Koma, Carlos Gracie é um dos maiores exemplos de disciplina. Carlos não bebia, não fumava e seguia uma esclarecida norma alimentar desenvolvida por ele mesmo a qual mais tarde ficou mundialmente conhecida como a Dieta Gracie.
Carlos estava com 17 anos quando sua família se mudou para o Rio de Janeiro e já dominava os segredos e as malícias do Jiu-Jitsu. Foi nesta época em que seus irmãos Osvaldo, Gastão e Jorge passaram a aprender os segredos da Arte Suave. Carlo Gracie estabeleceu junto a seus irmãos uma dinastia de extraordinários lutadores.

Hélio Gracie

Na época em que Carlos Gracie começou a ensinar seus irmãos, um deles ficou privado de participar das aulas,seu nome era Hélio Gracie. Ainda muito criança e doente, Hélio não participava dos treinos por imposição médica.
Hélio assistia seus irmãos treinando e foi fixando os movimentos realizados por seus irmãos o que possibilitou mais tarde desenvolver a sua própria forma de luta, aumentando a eficiência, inovando e criando novas técnicas especiais para seu físico pouco desenvolvido.
  
Jiu-Jitsu brasileiro vs Jiu-Jitsu japonês

Após superar seu problema de saúde, Hélio Gracie passou a colecionar grandes vitórias e ganhou tanta fama que chegou ao Japão. Não acreditando que havia um Jiu-Jitsu tão desenvolvido,os Japoneses enviaram seus campeões Kato e Kimura para testar o Jiu-Jitsu brasileiro.
Foram realizadas três lutas. Na primeira, Hélio lutou com duas costelas fraturadas. A primeira luta foi contra Kato e após um longo período de luta o árbitro Euzébio Queiroz declarou empate,porém o que se viu foi uma grande superioridade de Hélio.
Não satisfeito, Hélio fechou mais uma luta contra kato e a liquidou em oito minutos com um estrangulamento. O árbitro da luta, mesmo com Hélio tentando mostrar a ele, não percebeu que Kato estava apagado e então largou o estrangulamento para não causar danos maiores ao seu adversário. Na mesma hora Kimura desafiou Hélio que aceitou a luta.
Kimura era o melhor do mundo naArte Suave e declarou que Hélio não aguentaria três minutos de luta. Bem mais forte e maior, Kimura estava certo e Hélio não aguentou três minutos mas sim treze. Aconteceu assim a primeira derrota de Hélio, a qual teve sabor de vitória já que Kimura reconheceu o valor do Jiu-Jitsu desenvolvido pela família Gracie.

Jiu-Jitsu e o Vale tudo

Para divulgar sua Arte, a família Gracie fez um trabalho semelhante ao trio do kodokan. Talvez pela influencia do maior nome do trio, o Conde Koma. Ao abrir sua academia a família Gracie passou a desafiar lutadores de diversas Artes para provar a eficiência de sua luta,assim o sucesso não demorou muito para chegar.
Após ganhar fama no Brasil, a família continuou pensando alto e então passaram a divulgar a arte pelo mundo vencendo diversos torneios de vale-tudo. Mas o maior marco veio nos Estados Unidos com a criação do UFC (Ultimate Fighting Championship).

O UFC

Tudo começou quando Rorion foi para os Estados Unidos e passou a ensinar o Jiu-Jitsu numa garagem. Logo depois chegou Royce, considerado como o mais fraco da família e geralmente ficavas empre apenas cuidando das crianças.
Rorion então resolveu a utilizara mesma estratégia feita no Brasil. Diversos lutadores foram até a garagem para encararem o desafio, era levado o dinheiro que fosse que Rorion cobria e todos desafios eram filmados e o vencedor ficava com os direitos das imagens.
Com o tempo Rorion teve a ideia de tornar o desafio oficial, algo público. Com apoio do pay-per-view e da imprensa americana conseguiu então formar o grande UFC. As expectativas eram grandes já que aquele país nunca tinha visto um torneio semelhante e após convidar 7 atletas de diversos estilo Rorion tinha que decidir quem representaria o Jiu-Jitsu e decidiu que deveria ser o Royce, devido ao fato de ser o menor e mais fraco de todos da família. Os promotores do evento chegaram a achar que Rorion estava louco porém sem duvida foi o grande motivo do Jiu-Jitsu chocar o mundo.

UFC 1

Em 1993, Rorion e o promotor Art Davie começaram a procurar lutadores para o primeiro Ultimate Fighting Championship. Tiveram então 70 inscrições para o primeiro evento onde foram escolhidos sete de diversas Artes. Então encontraram no dia 12 de novembro paraa realização do primeiro UFC atletas representando o Tae Kwon Do, French Savate, Boxing, Kempo Karate, Shootfighting, Sumo, Kickboxing e Royce Gracie representando o Jiu-Jitsu Brasileiro. Todos competindo por um premio de $ 50 mil dólares e o título de campeão do UFC. Não havia luvas, limite de tempo e sem regras. Cada um era campeão de seu estilo, o vencedor continuava e o perdedor voltava para casa sem nada.
Royce não teve trabalho na sua primeira luta que foi contra um lutador e campeão de boxe que ao montar no seu adversário fez ele apavorar e desistir. Após 24 minutos Royce retornou ao octógono para enfrentar seu oponente da semifinal. Ken Shamrock havia finalizado seu primeiro oponente em 2 minutos e já havia lutado vale-tudo no Japão. Embora tenha tal cartel, Royce o finalizou em menos de 1 minuto. Chegou então a tão esperada final, contra Gerard Gordeau. Logo Royce derruba seu oponente e Gordeau morde sua orelha, Royce passa para as costas e finaliza seu oponente se tornando o primeiro campeão do UFC.

Royce e o UFC

Após vencer o primeiro UFC, Royce voltou para o UFC 2 onde novamente venceu sem dificuldades. No terceiro evento Royce foi castigado em sua primeira luta contra Kimbo, a luta teve direito até a golpes nas genitais e puxão de cabelo. Mesmo sendo castigado Royce finalizouseu oponente, porém seu corpo não resistiu continuar para a próxima luta. Royce voltou para o UFC 4 que se tornava cada vez mais acirrado, venceu a competição mais uma vez finalizando com um triângulo seu oponente que era apontado como favorito. Royce voltou a enfrentar Ken Shamrock no UFC 5, a luta terminou empatada após meia hora de combate.
Royce foi um dos maiores nomes do MMA mundial, inspirando grandes lendas que posteriormente se tornaram campeões do UFC e de outros eventos de Artes Marciais Mistas.

A Luta de Jiu-Jitsu

Três habilidades principais devem ser dominadas pelo praticante de jiu-jitsu: o movimento, o equilíbrio e a alavanca. O movimento será utilizado para criar as situações de perda de equilíbrio do adversário, o que lhe proporcionará a oportunidade de atacá-lo enfraquecido, pois sem equilíbrio não existe a força. O equilíbrio próprio deve ser mantido sempre para que se tenha controle dos movimentos e para que se chegue com mais facilidade às posições de alavanca. A alavanca é usada para ampliar sua força e lhe permitir mover seu adversário ou mesmo atacá-lo.

A luta se inicia em pé onde acaba sendo levada ao solo por diversas técnicas. No solo existe um sistema de pontuação, vence o lutador que mais pontuar, ou o que conseguir fazer seu oponente desistir e/ou até mesmo tira-lo de combate com golpes denominados de finalizações. A luta às vezes pode chegar a ser finalizada ainda em pé.

A Luta de Jiu-Jitsu exige bastante raciocínio por parte de seus lutadores, sendo comparada com o xadrez e até apelidada de “xadrez humano”.